O cooperativismo é um modo de aliviar os efeitos das crises, afinal, o movimento nasceu como um instrumento de desenvolvimento socioeconômico em face da deficiência do Estado, seja na prestação de serviços ou na solução de problemas sociais – contribuindo, assim para a redução da desigualdade.
Em diversos momentos da história podemos identificar a criação de cooperativas, sempre em paralelo com as dificuldades econômicas da sociedade e visando atenuar situações de desemprego. A principal característica de uma cooperativa é a ajuda mútua, pessoas com as mesmas dificuldades unindo-se em prol de melhores condições sociais e econômicas.
Nos últimos anos, com o crescimento contínuo de crises econômicas e sociais, podemos verificar um aumento no surgimento deste tipo de negócio. De acordo com o Ministério do Trabalho, em 2014 foram criadas 324 cooperativas no país; já em 2015, esse número subiu para 444. Trata-se de uma maneira de inserir pessoas no mercado e gerar renda. Há, também, casos em que os empregados fundam cooperativas como modo de manter a atividade da empresa onde trabalham.
Dados do Censo Agropecuário do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostram que 48% de tudo que é produzido no campo passa, em algum momento, por uma cooperativa. Isso mostra que, apesar das dificuldades decorrentes da crise econômica, o cooperativismo mantém seu crescimento – e que este é o momento de investimento e ampliação do faturamento. Vale destacar também que a ascensão deste setor beneficia os agricultores, que adquirem maior poder de negociação e passam a competir com grandes empresas.
O Estado do Paraná, em particular, tem sido referência no caso das cooperativas agrícolas. Aqui vale citar a afirmação do presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas: “Os paranaenses vêm desenvolvendo há algum tempo o modelo de autogestão. Com profissionalismo e foco no negócio, a cooperativa tem buscado resultado econômico para os seus sócios. Não ficam esperando que o governo venha resolver seus problemas, mas vão atrás do mercado”. Assim, atuando em bloco, a cooperativa tem maior poder para reivindicar alguma ação pública.
Estas são provas que o seu desempenho funciona como fator positivo em um momento em que o país busca alternativas para voltar a crescer. Enquanto empresas comuns sofreram com a crise econômica, as cooperativas demonstram uma grande resiliência, já que são pautadas por uma proposta coletiva de sustentabilidade, otimizando resultados em prol do coletivo e não apenas no benefício de um pequeno grupo.
Mariana Pereira Valério – Coordenadora da Unidade de Londrina do escritório Küster Machado. Formada em Direito em 2005 pela Universidade Estadual de Londrina, atuando no âmbito do Direito Civil e Processual Civil, com ênfase no Direito Securitário. Pós-Graduada em Direito e Processo do Trabalho pela Faculdade Arthur Thomas, em 2006. Especialização Lato Sensu em Direito Aplicado, pela Escola da Magistratura do Estado do Paraná, em 2006. Pós-Graduada em Direito Civil e Processo Civil, pela Universidade Estadual de Londrina, em 2009. Curso de Direito do Seguro e Resseguro, pela Fundação Getúlio Vargas, em 2011. Curso de Formação de Auditor Interno NBR ISO 9001:2008, em 2011.