Implementando Operações Legais: Um Guia para Escritórios de Advocacia e Departamentos Jurídicos

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A eficiência do Legal Operations para o mercado jurídico brasileiro

Legal Operations (Legal Ops), ou Operações Legais tem sido um tema recorrente nos departamentos e escritórios jurídicos, o primeiro ponto que nos traz uma reflexão é se realmente estamos falando de um tema novo ou se apenas houve um movimento de reconhecimento da Gestão Legal para o âmbito jurídico brasileiro.

Neste artigo, traremos o que são Legal Operations e sua origem, bem como a eficiência como pilar do Legal Ops no mercado jurídico brasileiro.

O que são Legal Operations?

Legal Operations  trata-se de uma área dos departamentos jurídicos e escritórios de advocacia que atuam de forma estratégica e como parceiro do negócio, suas operações transitam por diversos níveis da sua estrutura, excluindo atividades vinculadas ao exercício privativo da advocacia.

Conforme o Estatuto da Advocacia, em seu artigo 1º da Lei 8.906/1994, temos que as atividades privativas de advocacia são: “a postulação a órgão do Poder Judiciário e aos juizados especiais, bem como as atividades de consultoria, assessoria e direção jurídicas”.

Portanto, quando falamos em Legal Ops, verificamos a amplitude para transitar em todas as demais áreas que envolvam os escritórios e departamentos jurídicos, quais sejam:

  • Planejamento Estratégico;
  • Gestão Financeira, Otimização da Organização e Saúde;
  • Gestão de Fornecedores, Tecnologia, Governança da Informação, Operações Práticas, Treinamento e Desenvolvimento;
  • Gerenciamento de Projetos;
  • Gestão do Conhecimento;
  • Inteligência Comercial para tomada de decisões (BI); e,
  • Governança.

A amplitude na atuação das operações legais em seu negócio, depende do grau de maturidade e recursos para sua implementação, o que não quer dizer que seja impossível dar início nesta área, caso não tenha os setores funcionais estruturadas.

O objetivo primordial desta área deve ser a eficiência, com foco no cliente e melhores resultados para sua empresa, portanto é de suma importância tomar conhecimento deste tema que ganhou força no Brasil a partir do final do ano de 2019.

Para a comunidade CLOC (Corporate Legal Operations Consortium), as Operações Legais são conceituadas como “um conjunto de processos de negócios, atividades e profissionais que capacitam os departamentos jurídicos para atender seus clientes com mais eficiência, aplicação de práticas comerciais e técnicas para a prestação de serviços jurídicos. As operações legais fornecem o planejamento estratégico, financeiro, gerenciamento de projetos e a experiência em tecnologia que permite profissionais para se concentrar em fornecer pareceres legais.” (http://www.cloc.org )

Para associação global de advogados corporativos, a ACC (Association of Corporate Counsel), as “Operações Legais tem como função dentro do escritório do conselho geral que assume a responsabilidade pela entrega eficiente e eficaz de serviços jurídicos para a corporação. A equipe de operações jurídicas dedicada se concentra em otimizar como as pessoas, os processos e a tecnologia são implantados, aproveitando os dados para informar a tomada de decisões e o gerenciamento de desempenho.“ (https://www.acc.com/services-initiatives/legal-operations ).

Nesta última definição, temos a tríade do Legal Operations para uma gestão, quais sejam:

·       Pessoas;

·       Processos; e,

·       Tecnologia.

Para o desenvolvimento do departamento jurídico e escritórios de advocacias, necessário aplicação do conhecimento por pessoas, que devem ser treinadas e conhecer bem os processos para o desenvolvimento de suas atividades, com o auxílio de ferramentas tecnológicas que buscam maior celeridade e auxílio em demandas repetitivas para busca da eficiência.

Trouxemos o conceito sobre Legal Ops, porém qual foi a origem deste termo? Quais foram os motivos que nos levaram a discussões sobre o tema no país?

Qual a origem do Legal Operations?

Legal Ops tem origem norte americana, em 1990 iniciaram análise em departamentos jurídicos da gestão de risco, atuando em problemas menos complexos e na gestão de advogados externos para diminuir o custo das operações.

Entre os anos 1990 a 2000, houve maior clareza na estratégia de atuação de questões mais complexas e regulamentadas, incluindo auxílio de conselho externo com a sensibilidade para análise dos custos.

Após esse período, entre os anos 2001 a 2019, houve uma mudança para que os departamentos jurídicos fossem parceiros do negócio, avaliando questões jurídicas e comerciais de alta complexidade e o uso estratégico de automações para impulsionar a eficiência e reduzir custos.

Atualmente, a comunidade de Operações Legais internacional tem se debruçado a estabelecer a cultura de melhoria contínua, seguindo com a utilização de automações com foco na eficiência e redução dos custos, com o aperfeiçoamento da tecnologia novas soluções surgem diariamente.

Assim, também tem sido os esforços dos departamentos e escritórios jurídicos em nosso país.

A eficiência como pilar do Legal Ops no Brasil.

Quando buscamos no dicionário, verificamos que a eficiência é: “o poder, a capacidade de ser efetivo, a efetividade e a eficácia. A virtude ou característica de (alguém ou algo) ser competente, produtivo, de conseguir o melhor rendimento com o mínimo de erros e/ou dispêndio.”

Considerando isto, a eficiência para os departamentos e escritórios jurídicos estão intimamente ligados aos resultados trazidos com menor custo e maior valor de suas atividades (a escassez).

Portanto, trazer o termo eficiência como pilar do Legal Operations é a medida necessária para fortalecer o setor, sendo necessária a colaboração de toda a equipe jurídica e seus pares.

Para tanto, importante o envolvimento da equipe com os objetivos do negócio, o acompanhamento das entregas através de indicadores, padronização de processos e treinamentos, bem como o desenvolvimento das pessoas para trazer eficiência na solução de conflitos.

Atualmente, as metodologias ágeis são utilizadas para eficiência do negócio, através de:

  • Organização das atividades com entregas objetivas;
  • Realização de reuniões periódicas para escuta ativa e acompanhamento das entregas;
  • Delimitação de prazos para o cumprimento das atividades;
  • Indicação do responsável pelo projeto;
  • Delimitação de valores para o cumprimento deste objetivo;
  • Compartilhamento das responsabilidades; e,
  • Reconhecimento com a entrega final.

Portanto, independente da ferramenta a ser utilizadas para trazer eficiência nas operações legais, o objetivo é trazer os resultados através de menor esforço e maior entrega de valor ao negócio.

Autora: Mariane Peixoto Biscaia Scarpim, advogada em Legal Ops no Küster Machado Advogados.

Küster Machado Advogados Associados
Com 30 anos de relevância no mercado nacional de advocacia, o Küster Machado se destaca pela sua infraestrutura e portfolio de clientes voltado ao atendimento capilarizado em mais de 20 áreas do Direito e de segmentos econômicos especializados, com sedes próprias em São Paulo, Curitiba, Londrina, Florianópolis e Blumenau. Mesclando a prestação de serviço nas áreas contenciosas e consultivas, fornece uma solução one-stop-shop aos clientes no segmento empresarial cujas operações de negócio estão situadas em todo o território nacional. Como diferencial, o escritório tem uma expertise em tecnologia que resulta na inteligência jurídica de sistematizar dados e fornecer informações em tempo real para os clientes, dedicando gestão especializada no trato das carteiras com fornecimento de performance aos negócios dos clientes. Conta com equipes de advogados especializados nas matérias o que permite a entrega de resultados personalizados para cada segmento econômico.

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